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Jogaram a lixeira no lixo




Numa manhã ensolarada de verão, a esquina acordou com quatro latas de lixo coloridas. Verde, vidro, azul, papel, amarelo, metal, e vermelho, plástico.

Tecnicamente, não são latas de lixo, mas contêineres para resíduos recicláveis.

Aquela comunidade ganhara uma chance de contribuir com o meio ambiente, de ser sustentável, de salvar o planeta.

Daquele dia em diante, os cacos de vidro não iriam mais cortar a mão do gari. As garrafas pet teriam um destino melhor que o bueiro. As pilhas de papéis velhos não pesariam o saco de lixo. E as latinhas de cerveja encontrariam catadores sortudos, afinal, alumínio vale ouro para quem vende reciclável.

Mas não foi bem assim que aconteceu.

Junto com os recicláveis, apareceram entulhos e moscas.

O que era um ponto para praticarmos a consciência, virou um símbolo da nossa falta de educação.

Um dia, acredite, alguém pôs fogo em tudo. E junto com as chamas, se apagou uma bela iniciativa para tornar o bairro mais limpo.

Nem coloridas as latas eram mais. Ficaram cinzas e empoeiradas, igual aos entulhos lá largados.
Veio até uma placa: “Proibido jogar lixo, sujeito à multa”.

Não adiantou.

Numa noite melancólica de outono, a esquina dormiu sem as grandes latas.

Jogaram a lixeira no lixo.

Foto retirada do site da Prefeitura de Belo Horizonte

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